Por Kenneth L. Gentry, Jr.1
Trad. por Daniel P. Rodrigues
Para aqueles que não são familiarizados com o conceito de Pós-Milenismo, darei uma breve definição do pós-milenismo moderno e reformado (que difere em certo nível da forma mais antiga de pós-milenismo dos puritanos). Defino-o da seguinte maneira:
O Pós-Milenismo defende que o Senhor Jesus Cristo estabeleceu o seu reino na Terra no primeiro século através de Sua pregação e de Sua obra de redenção. Desde então, Ele continua a equipar a Sua Igreja com o Evangelho, a concedê-la poder através do Espírito Santo, e a designá-la para a Grande Comissão para discipular todas as nações. O Pós-Milenismo espera que, por fim, a imensa maioria da humanidade será salva. O sucesso crescente da pregação do evangelho gradualmente produzirá uma época na história, anterior à Segunda Vinda de Cristo, na qual fé, justiça, paz e prosperidade prevalecerão em meio à humanidade e às nações. Após uma extensa era em que tais condições prevalecem, o Senhor retornará visível, corporal e gloriosamente para encerrar a história. Associado ao seu retorno, acontecerá a ressurreição geral e o juízo final, seguidos pelo Estado Eterno. Devido às suas implicações para a história mundial, o pós-milenismo gera uma cosmovisão holística que abrange todas as áreas da vida.
A partir desta definição, desenvolverei alguns de seus elementos-chave e suas implicações:
Primeiro, o pós-milenismo defende que o Senhor Jesus Cristo fundou seu Reno Messiânico na Terra durante Seu ministério terreno e através de Sua obra de redenção (Mt. 12:28). O estabelecimento do “reino dos céus” cumpriu as expectativas proféticas do Antigo Testamento com relação ao reino vindouro (Mc. 1:15). O reino que Cristo pregou e apresentou não era algo além do que o que era aguardado pelos santos do Antigo Testamento. No pós-milenismo, a Igreja é o Israel cumprido/transformado e é até mesmo chamada de “O Israel de Deus” (Gl. 6:16), feito da semente espiritual de Abraão (Rm. 2:28-29; Gl. 3:7, 29; Ef. 2:11-22; Fl. 3:2-3).
Segundo, a natureza fundamental do Reino é, em essência, redentora e espiritual, em vez de política e corpórea (Lc. 17:20-21; Rm. 14:7). Apesar de ter implicações dramáticas para o mundo político, o pós-milenismo não é político: ele não oferece um reino que compete contra as nações geopolíticas pelo governo político humano (Jo. 18:36). Cristo governa seu Reino espiritualmente em e através de Seu povo no mundo, assim como também pela sua providência universal (Mt. 28:18-20; Fl. 2:9-11).
Terceiro, devido ao poder e desígnio intrínseco da redenção de Cristo, seu Reino exercerá uma influência sociocultural transformacional na história. Isso ocorrerá à medida que mais e mais pessoas se convertem a Cristo, não por meio de uma revolta humana e tomada de poder político na história, nem por meio de uma imposição catastrófica de Cristo em seu segundo advento fora da história (Is. 2:2-4; Jo. 3:17). Como R. J. Rushdoony afirma: “A chave para redimir a situação [do mundo] não é a revolução, nem qualquer outro tipo de resistência que opera para subverter a lei e a ordem… A chave é a regeneração, propagação do Evangelho, e a conversão da humanidade e das nações à palavra-lei de Deus”. Isso deve-se ao fato que “homens malignos não podem produzir uma boa sociedade. A chave para a renovação social é a regeneração individual.” (R. J. Rushdoony, The Institutes of Biblical Law, pp. 113, 122).
Quarto, o pós-milenismo, portanto, espera a expansão gradual e desenvolvente do Reino de Cristo na história humana e na terra antes da vinda do Senhor para pôr um fim na história (Mt. 13:31-33; Mc. 4:26-32). Isso se realizará através de um ministério pleno e completo da Palavra, orações fervorosas e feitas com fé, e a obra consagrada realizada através do povo de Cristo imbuído do Espírito Santo. Cristo, estando sempre presente com a Igreja, direciona o crescimento do Reino a partir de seu trono nos Céus, onde Ele se assenta à destra de Deus.
Quinto, o pós-milenismo confidentemente prevê um tempo na história terrena (contínua com o tempo presente) no qual o mesmo evangelho que já opera alcançará a vitória por toda a Terra, cumprindo a Grande Comissão: “O que distingue, então, o pós-milenista bíblico de amilenistas e pré-milenistas é a sua crença de que a Escritura ensina o sucesso da grande comissão na presente era da igreja” (Greg L. Bahnsen, Victory in Jesus, pg. 74). A esmagadora maioria da humanidade e das nações será cristianizada, a justiça abundará, guerras cessarão, e prosperidade e segurança florescerão. “[Tal era] será marcada pelo recebimento universal da religião verdadeira, e sujeição ilimitada ao cetro de Cristo.” “Será um tempo de paz universal.” “Ela será caracterizada por grande prosperidade temporal.” (David Brown, Christ’s Second Coming, 399, 401).
Sexto, “podemos ter a expectativa de uma grande ‘era dourada’ de prosperidade espiritual que continuará por séculos, ou talvez até mesmo por milênios, durante a qual o cristianismo será triunfante sobre toda a Terra” (Loraine Boettner, The Millennium, pg. 29). Após este período extenso de prosperidade do Evangelho, a história terrena será encerrada pelo retorno pessoal, visível e corporal de Jesus Cristo (acompanhado por uma ressurreição literal e juízo geral) para introduzir o povo que Ele comprou com seu Sangue à forma consumada e eterna do Reino. E assim estaremos para sempre com o Senhor.
Esquematicamente, podemos apresentar o pós-milenismo através do seguinte gráfico:

Deixe um comentário